Espaços, Paisagem, Lazer & Turismo; análise e conceitos

   

   O espaço natural vem sendo modificado de forma constante através do tempo, configurando dinamismo e revelando influências de ações passadas, compondo um tempo presente e preconizando um futuro inter – relacionado. O espaço geográfico, que envolve as ações humanas sobre o espaço natural, formam um todo, um sistema de objetos e estruturas de ações que influenciam à sociedade e o meio – ambiente, em formas e níveis variados. Modificar o espaço natural, para obtenção de recursos, e garantia de bem - estar, é parte indissociável das culturas humanas não - nômades ao redor do mundo. 

  Invariavelmente, o espaço é um produto social, porque toda à forma espacial do globo terrestre é virtualmente conhecida pela humanidade, e a todo espaço é atribuída função, papel à ser desempenhado, forma e conteúdo. Nessa análise, somente o visível não é a totalidade das funções que compõem os espaços. As características econômicas, e as nuances sociais atribuem fatores e configuram a matriz social, onde as formas e funções da estrutura espacial são criadas. Portanto o estilo de uma sociedade, com hábitos de produção e consumo, e a maneira como estrutura seus cidadãos, interfere de forma direta na configuração do espaço geográfico, e também no meio – ecológico.

  A análise do meio – ecológico, desenvolvida pelo pesquisador e espaciólogo Milton Santos (1997), apresenta às relações entre as estruturas territoriais que constituem a base física do trabalho humano, e os aspectos sociais que advém da estruturas provenientes da formação do capital criado pelo trabalho. O meio – ecológico agrega a sociedade, onde os cidadãos tornam – se capital humano, e as firmas, que são empresas produtoras de bens, serviços e ideias, produzem capital financeiro onde as relações são geridas e regulamentadas através das super – estruturas, a esfera política e regulamentadora da sociedade. Nessa relação entre pessoas – firmas – instituições, há tensões constantes que produzem incessante alteração no processos e funções, e consequentemente correspondem a mudanças constantes na configuração do espaço.

  Todo esse cenário em permanente mutação compõe um fenômeno social que pode ser interpretado pelos indivíduos de formas variadas. Às percepções humanas tem análise composta entre os cinco sentidos, mais o processo semiótico é desencadeado pelo subconsciente, e condicionado por influências próprias do indivíduo. O fenômeno da Paisagem aborda uma visão global e não apenas visual (Font 1992), onde sons, odores, e sensações têm conteúdo espacial e temporal. Na análise da paisagem há método e fatores que configuram propriedades estéticas para os espaços, tornando possível avaliação da qualidade visual da paisagem.

Grupo OPNI -ZL

  O método de avaliação da paisagem deve levar em consideração os componentes da paisagem, incluindo os objetos de ações humanas, as formas do relevo, e também as características geológicas e geográficas, como corpos d´agua, e incidência de fenômenos naturais. Nas propriedades visuais da paisagem, para efeito de análise, a observação dos componentes visíveis, descrevendo os elementos que compõe o suporte da paisagem, que são suas características de relevo, e os elementos que formam sua cobertura, inclusos objetos naturais e fabricados, são importantes para compreensão dos valores que formam os códigos estéticos da semiologia gráfica, e que podem mistificar e consagrar paisagens, numa espécie de metonímia geográfica que leva a comparação e classificação de paisagens, onde lugares que por apresentar características em comum, podem ter os nomes associados à paisagens consagradas, ex; Brasil o Paraíso perdido, ou Nordeste, o Caribe brasileiro, e comparações, como São Paulo, a Nova York latina, e Manaus, a Paris dos trópicos.

Teatro Amazonas

  No atual mundo globalizado, as paisagens têm valor comercial, e o segmento de lazer e turismo se beneficia diretamente da exploração da paisagem para gerar negócios. Empreendimentos e ações comerciais que envolvam turismo e entretenimento out door´s, levam em consideração os aspectos da granulação da paisagem, se lisa ou rugosa, e em função destes parâmetros, se é apta à determinados projetos. Tamanho e orientação do relevo também influenciam para compor um plano de ação voltado ao mercado turístico.   

SAMPA

  A percepção dos atrativos turísticos leva a formação de hierarquização das paisagens, em função da catalisação e poder de atração que tem determinada região, com atrativos naturais e de infra – estrutura, onde o meio adquire forma e função. As singularidades geográficas, com distinção de fatores, em modelo adaptado segundo Pires (1993) “ ...a combinação dos elementos visuais cria composições pelas quais é possível definir qualidades estéticas similares às que geralmente são usadas no mundo artístico tais como unidade, intensidade e variedade. Tais qualidades poderão contribuir para a diferenciação das unidades da paisagem visualizadas.... Um ou vários componentes da paisagem podem adquirir um grande peso específico no conjunto da cena, sob condições especiais de singularidade associada à escassez, raridade, valor estético, interesse histórico etc.., ou quando dominam totalmente a cena...”, trazem a questão da naturalidade, da diversidade, e da singularidade como componentes de um valor visual da paisagem, que pode ser explorado comercialmente pelas áreas de lazer e turismo, e também a questão dos detratores visuais, fatores que podem degradar a paisagem, tornando – a menos convidativa, e diminuindo a atração de turistas, com consequente prejuízo do valor da paisagem.

  A grama do vizinho pode até ser mais verde, mais se no seu quintal houverem uns anões de jardim, alguns gnomos, e também plantas ornamentais, sua paisagem adquire, sem dúvidas, maior valor agregado, nem que for somente para um público hippie segmentado. Da mesma forma, locais de junção e confraternização de grupos e tribos urbanas, que sejam degradados do ponto de vista infraestrutural, em virtude das artes e atividades culturais desenvolvidas por esses grupos, podem ser revitalizados, e assim, terem valores como paisagem atrativas, e atenção da sociedade como polos de investimento nas áreas de cultura e lazer.