Manuais, Técnicas, Artimanhas e Armas das produções Culturais Marginais

Salve! 
Quem é da correria das ruas, e batalha pra poder ocupar espaços públicos que sofrem privatização dentro da sociedade, sabe como são importantes na gestão de espaços como áreas de lazer e cultura de órgãos públicos preservar os preceitos da impessoalidade, legalidade, eficiência, publicidade, e transparência, mas infelizmente pra muitos, nem tanto pra outros poucos, nem sempre é bem assim que acontece. No caso do #MUNDOCRUELCOLETIVO, que luta pela democratização no acesso aos lazeres e entretenimentos culturais de qualidade, não massificados nem pausterizados pelo sistema, através da filosofia do associativismo, da militância cultural e da capacitação permanente, e de abençoados coletivos outros, que caminham pelas mesmas veredas, e não contam com apadrinhamento político, nem mega - fundações pra auxiliar o desenvolvimento das atividades, e não enquadram - se no esquadro das startups mais cotadas, é necessário uma certa dose de "ginga" pra fazer virar o sonho realidade, da democracia cultural plena e do acesso à informação e gestão compartilhada dos recursos e políticas públicas.
Trabalhar com produção cultural é difícil, primeiro porque como em geral, a produção cultural agrega artistas, eventos, show business, e diversos elementos de ambientes informais e relacionados ao entretenimento, e por tudo isso e mais um pouco, trabalhadores dessa área são frequentemente vistos como sonhadores, iludidos, lunáticos, e vagabundos. Isso dificulta a tomada de decisão e opções acertadas de indivíduos, e programas públicos pela área, por não aguentarem a pressão social ou por não enxergarem o espectro mais amplo em sua totalidade. Segundo porque em face do próprio caráter com que é encarada a área, que apesar de tudo gera bilhões de lucros na economia da criatividade, às instituições escolares e profissionais ainda estão aquém da demanda dos profissionais e público. Por outro lado, isso é uma forte oportunidade de expansão em um cenário subaproveitado.
É justamente esse o nicho de coletivos que trabalham com culturas populares, ações de sustentabilidade e governança compartilhada, em escala regional, e em alguns casos até mesmo global. Muito comum compartilhamento de posts e campanhas envolvendo diversas ongs com os mesmos propósitos ao redor do mundo.
Falando de Brasil. Do que vemos nos debates nas mídias sociais, e do que acompanhamos in loco em nossas áreas de atuação. O Poder Público em crise institucional, de comunicação e políticas, sociedade fragmentada em função da ruptura de antigos paradigmas de domínio da informação e da cultura, situação esta que está refletindo em diversos aspectos da vida do cidadão, sobretudo econômicos e sociais. Se a saúde do pobre vai mal, imagina a cultura marginal meus caros..
 Coletivos que organizam eventos populares, gratuitos, sem patrocínios ou com apoios comunitários tipo cafezinho da tia da casa do lado, precisam ser inovadores e criar estratégias para desenvolverem suas atividades de forma sustentável, buscando aprimoramento das técnicas e inovação nos procedimentos para minimizar os custos e otimizar os resultados. É preciso um proceder afiado pra convencer a comunidade e a iniciativa privada local que eventos culturais bem organizados podem geram impactos sociais e econômicos significativos na região onde são realizados. Um show ou intervenção artística agrupa centenas ou milhares de pessoas, que serão expostas à manifestações culturais que geram experiências marcantes, e uma marca que se associa a tais empreendimentos, costuma ficar gravada junto na memória dos participantes. Os próprios coletivos e comunidades podem tornarem-se empreendedores, manufaturando e comercializando produtos que estejam adequados ao universo cultural, e das demandas dos eventos, como água, alimentação, souvenirs, vestuários, estacionamento, registro audiovisual, etc..
Uma barreira para tais processos pode ser a informalidade. Por razões óbvias que está começando sem financiamentos, não pode investir em advogados, contabilidades, registros, entre outras amarras burocráticas. Mas nem por isso deve deixar de fazer suas atividades. Uma opção são as parcerias público privadas, onde pode - se utilizar espaços públicos com infraestrutura como parques e casas de cultura, e realizar marketing cultural junto à iniciativa privada para viabilização do evento, sem maiores empecilhos como convênios, associações ou editais. Doações formalizadas com recibos, contratos simples, e dentro do preceito de ser sem fins lucrativos. É possível atuar desta forma em Âmbito local, em um primeiro momento de estruturação da instituição. Conhecer secretarias municipais e estaduais, fóruns de cultura, estar ligado e linkado na cena que acontece, e em quem faz faz a cena acontecer é parte fundamental desse jogo. Não precisa pagar - pau pra ninguém. Basta ser coerente, transparente, verdadeiro, e agir na sabedoria. Dessa forma, e apoiado pelo poder popular, ficam fortalecido os elos dessa corrente por culturas de rua, entretenimento e lazeres que contribuam para o desenvolvimento social das nossas comunidades.
Juntos podemos nos mobilizar, e lutar por nossos direitos, e também nos ajudarmos mutuamente a cumprir nossos deveres cívicos. Desde uma praça esquecida e mal cuidada pelo poder público, que pode ser revitalizada de acordo com a demanda da comunidade, mediante um simples abaixo - assinado e alguns puxões de orelha por emails, telefone ou presencialmente se preciso, até projetos e intervenções mais complexos, como criação de programação cultural permanente, e até mesmo construção e/ou destinação de espaços para atividades culturais e de lazer.
"Todo poder emana do Povo." Parágrafo único do primeiro artigo da nossa constituição federal.
Vai segurando!!!!























Comentários

  1. A cultura popular está na base de todas às outras chamadas eruditas, Heitor Villa Lobos entre outros grandes beberam com sabedoria nesta fonte.
    No entanto, o que vemos é que a chamada "indústria cultural", sempre pergunta primeiro, quanto eu ganho? E o povo, ora o povo....
    Só lembrado claro, naquelas situações onde se faz necessária a política panis et circus.
    Desta forma, iniciativas populares autênticas, sem o viés capitalista é sempre bem-vinda e os que por ela batalham são autênticos guerreiros.
    Vida longa e sempre para M.U.N.D.O.C.R.U.E.L

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